
A professora do curso de Medicina da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), denunciada no começo desta semana por quatro alunas, por importunação sexual, foi afastada de suas funções por tempo indeterminado.
Conforme noticiado pela reportagem, as acadêmicas procuram a delegacia e denunciaram que o caso ocorreu na última segunda-feira (9/6), durante realização de prova na residência da mulher que também atua como médica psiquiatra.
No dia em que a denúncia veio à tona – na terça-feira (10/6) -, a Universidade Federal da Grande Dourados declarou, por meio de nota oficial, repúdio a qualquer forma de violência contra as mulheres e informou que está acompanhando o caso de perto. A instituição também instaurou um PAD (Processo istrativo Disciplinar), que tramita em sigilo até a conclusão.
Já na manhã desta quinta-feira (12/6), a UFGD emitiu uma nova nota informando sobre providências internas tomadas diante deste caso. Destaca-se, além do afastamento da professora, o acolhimento às vítimas.
“Entre as providências internas, o acolhimento às vítimas foi a primeira medida tomada pela Corregedoria, que integra a Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio (EA), incluindo o oferecimento de apoio psicossocial e demais atendimentos às necessidades das acadêmicas, com escuta qualificada e a tomada de medidas para a minimização de danos acadêmicos”, afirma trecho da nota.
Em relação à aplicação de avaliações na residência da professora e fora dos espaços determinados pela Universidade, a UFGD esclarece que esse tipo de conduta não faz parte dos procedimentos regimentais da instituição. Qualquer atividade docente realizada nesses moldes não tem respaldo institucional, será devidamente investigada e, caso confirmada, será ível de punição conforme as normas vigentes.
Por fim, a UFGD orienta que, quando os estudantes perceberem métodos irregulares ou demais ações equivocadas dos professores, a Ouvidoria é o setor responsável por receber reclamações, sugestões, denúncias, solicitações e elogios dos usuários dos serviços públicos. A principal ferramenta para o registro das manifestações do público, assim como acontece na maioria das instituições públicas brasileiras, é a plataforma Fala.br.
Além dela, desde novembro de 2023, a UFGD possui a Ouvidoria da Mulher e da Diversidade, oferecendo a oportunidade das mulheres, ou qualquer pessoa que assim desejar, de receber atendimento e acolhimento especializado de uma mulher. Para isso foram criados o e-mail [email protected] e o WhatsApp (99182-0347), aos quais apenas as mulheres da Ouvidoria possuem o, preservando ainda mais a identificação da vítima. A Ouvidoria também conta com a presença constante de, pelo menos, uma mulher para fazer o acolhimento presencial ou através do telefone institucional.
O caso
De acordo com o boletim de ocorrência, as estudantes foram até a casa da professora para realizar uma avaliação proposta por ela. No local, no entanto, foram recebidas por dois homens — um idoso de aproximadamente 70 anos e um jovem de cerca de 30 — vestidos apenas com roupas íntimas.
Em depoimento, as jovens contaram que os homens fizeram comentários sobre seus corpos e as elogiaram de maneira inapropriada. Em determinado momento, uma das jovens teria sido beijada à força pelo rapaz, que é filho da professora e que, segundo ela, possui TEA (Transtorno do Espectro Autista).
A professora apareceu durante a situação e pediu a um terceiro homem que retirasse os dois envolvidos. Apesar do ocorrido, a docente insistiu para que a prova fosse aplicada, mesmo diante do abalo emocional das alunas.
A PC (Polícia Civil) instaurou inquérito para apurar os fatos, que estão sendo investigados, inicialmente, como importunação sexual. As alunas devem prestar novos depoimentos na DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher), que assumiu a apuração do caso.
Confira na íntegra a nota da UFGD
A Reitoria da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) vem a público manifestar seu repúdio a todas as formas de violência contra as mulheres, especialmente diante da denúncia de importunação sexual envolvendo estudantes de Medicina na noite do dia 9 de junho de 2025.
A UFGD já está adotando os procedimentos de apuração e responsabilização no âmbito da Corregedoria da universidade, acompanhará o caso em contato com a Polícia Civil e prestará todo o apoio necessário para a apuração dos fatos, fornecendo as informações e documentos que forem demandados pelas autoridades competentes.
Internamente, a Universidade está adotando as providências cabíveis para garantir o acolhimento adequado às vítimas e assegurar que medidas disciplinares e istrativas sejam tomadas, conforme os regulamentos institucionais e a legislação vigente.
Reiteramos nosso compromisso com a promoção de um ambiente acadêmico seguro, respeitoso e livre de qualquer tipo de violência ou assédio. A UFGD seguirá trabalhando para fortalecer políticas de enfrentamento à violência de gênero e para promover a conscientização de toda a comunidade universitária.